quarta-feira, 30 de maio de 2007

Internet em questão

Na minha singela opinião a Internet pode ser considerada junto com a Agricultura, o motor a vapor e a eletricidade, uma das invenções da humanidade com maior potencial de gerar revoluções sociológicas. Ela cria um link etéreo entre toda a humanidade, como se de repente pudéssemos acessar de forma objetiva o inconsciente coletivo da psicologia analítica Junguiana.

Inicialmente tentamos repetir os padrões da dita "realidade", transferindo para o mundo virtual os mesmos referenciais sociais e a mesma gestão do capitalismo tardio, o que em abril de 2000 com o estouro bolha das empresas dot-com se mostrou inviável. Com o tempo a sociedade foi percebendo que teria que inventar um novo modelo (que ainda não é a web 2.0) para ser utilizado em um ambiente tão diferente do real; e é nesse contexto que nos encontramos: tentando nos adequar as potencialidades deste novo ambiente.

Por ser um sistema apenas limitado pelo status tecnológico de hardware e software, sua interação com a massa humana cria um ambiente infinito, nem paralelo, nem congruente, desprovido de moral e lei, permitindo uma liberdade que é completamente estranha ao nosso atual estado de civilização.Esta liberdade gera alguns efeitos fascinante, mostra o ser humano com uma profundidade desconcertante, um raio-X de nossa civilização.

Quando oferecemos uma liberdade incondicional ao ser humano, qual é a primeira coisa que ele busca? ...Entretenimento, mas especificamente sexo. Ao constatar que a grande maioria das entradas efetuadas em sites de busca (que representa 85% do uso da Internet) é sobre sexo penso que podemos afirmar com segurança que estamos realmente mal resolvidos em relação a este assunto, começamos a perceber que as taras e parafilías (por mais estranhas que sejam) são mais regras do que exceções e neste imenso baile de mascaras que é a net ,borbulham estas e outras referencias a características historicamente suprimidas pela moral judaico-cristã, mas isto já é outro assunto.

O ser humano também procura companhia, alto afirmação, atenção entre outros confortos que a sociedade moderna não o provê, mas também começa a demonstrar a capacidade humana de cooperação que foi é tão negligenciada em nosso mundo competitivo.

Vemos neste exato momento uma avalanche de novos movimentos que tendem à formação da sonhada comunidade global: programas p2p e bitorrent, open-source, copy-left, terrorismo poético, movimentação política de New-left, sistemas wiki, etc, processos de criação que tem como o único ganho à satisfação pessoal de estar envolvido em algo maior. Voltamos a considerar uma qualidade humana que a muito saiu de moda: o ALTRUISMO.

Apesar de seu potencial de mudança ainda é preciso lembrar que estão envolvidos neste processo apenas um pequeno percentual dos internautas e que 60% da população mundial nunca utilizou sequer um telefone, mas um grupo organizado em rede tem seu potencial de transformação incrivelmente ampliado, o que me faz acreditar que esta mudança vai reverberar profundamente no mundo “real”.

Esta nova empreitada da internet sugere algo que eu havia perdido a esperança a muito tempo, sugere que talvez, apenas talvez, o ser humano sempre esteve minimamente preparado para o Anarquismo Utópico, para a gestão comum, apesar deste estar a eras de distância.

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